Nathalia Cavalcante
O
filme apresenta o mundo paralelo de Monsieur Hulot, personagem do próprio
diretor. Esse, tido com um solteirão e sem emprego, dá vida à obra
cinematográfica que discute a construção da tecnologia, já na década de 1950,
quando foi lançada. O sobrinho de Hulot, chamado Gerard (Alain Bécourt), um
menino de aproximadamente oito anos, o segue e prefere a sua companhia a dos
pais. A casa onde vive é um exemplo futurístico, com aparelhos tecnológicos que
suprem as ações humanas; fazendo com que, de certo modo, sejam até mesmo
reprimidas.

O
menino faz travessuras próprias da idade. Hulot, com isso, pode ser considerado
sua extensão, já que vê na simplicidade, uma forma divertida de viver, quiçá,
poética. Já os pais de Gerard, Madame Arpel (Adrienne Servantie) e Charles
(Jean- Pierre Zola), irmã e cunhado de Hulot, estão imersos em uma rotina fria,
movidos à base da tecnologia. A casa é uma espécie de fábrica, onde aparelhos
ditam a regra. O jardim geométrico dá a ilusão de que o ideal é seguir trilhas
estabelecidas e, desviá-las, pode provocar o caos. Do mesmo modo, acontece quando
Hulot passa um dia com a família. As suas trapalhadas causam danos ao jardim,
milimetricamente, construído. O homem, no entanto, soma leveza e graça a essas
ações, pois sabe viver sem normas impostas.

Em
1958, Tati lançou essa obra fílmica. Em 110 minutos revela a representação do
sentimento por meio de sua personagem, Hulot. O homem que vive de modo simples,
porém feliz, sem preocupações. Diferente de Charles que custou a perceber a
importância dessa naturalidade, e a entender o porquê da preferência de Gerard
pelo tio. Quando se dá conta, seu filho o vê de outra forma e assim, Charles, passa
a conhecer um novo caminho, até quando faz um retorno proibido, nos últimos
instantes do filme.
A
partir do foco de Tati é possível notar que as pessoas se tornam reféns da tecnologia,
sem compreenderem o quão podem promover o afastamento de momentos prazerosos
por conta disso. Razão pela qual se entende que o equilíbrio deve ser
desenvolvido. Mesmo sendo um filme lançado em um período em que não existia internet e celular, por exemplo, Tati,
expressou sabiamente a adesão desmedida por uma tecnologia que aprisiona o homem,
ao invés de libertá-lo.
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