quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

0

Gravidade

   Por Nathalia Cavalcante  
     
     A narrativa clássica apresenta características que a faz obedecer a determinados pontos que podem auxiliar na compreensão imediata, por parte do espectador. Isso porque, filmes inseridos nesse contexto expõem causas de um problema e seus efeitos. Geralmente, são lineares, mas podem conter o recurso de flashbacks, porém evitam o desenvolvimento contínuo de idas e vindas da trama. Existe um conflito a ser solucionado e motivações para tais acontecimentos. 
Entre outros elementos, a prolixidade é absorvida como meio de evidenciar as razões pelas quais surgiram os incidentes. A decupagem empregada nessas obras corresponde ao objetivo a ser alcançado pelo realizador. Xavier aponta que,

As correlações entre o desenvolvimento dramático e o ritmo da montagem, assim como o jogo de tensões e equilíbrios estabelecido no desfile das configurações visuais, são dois instrumentos à disposição de qualquer cineasta. O que é característico da decupagem clássica é a utilização destes fenômenos para a criação, no nível sensorial, de suportes para o efeito de continuidade desejado e para a manipulação exata das emoções (2005, p.34).
Alfonso Cuarón
     
O diretor, Alfonso Cuarón, imprime em “Gravidade” (2013) a organização linear, discutida a seguir. Com isso, se apropria dessa redundância, pois a história necessita ressaltar os dilemas e a tentativa de uma engenheira médica – em missão espacial –, para retornar à sua realidade.  
     

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

0

Trilogia das Cores

Nathalia Cavalcante


O diretor polonês Krzysztof Kieslowski (1941 - 1996) apresenta entre 1993 e 1994 sua última obra: Trilogia das Cores. Tendo como relação as cores da bandeira francesa: Trois Couleurs – Blue (1993), Trois Couleurs – Blanc (1994) e Trois Couleurs – Rouge (1994). Além das cores, Kieslowski trouxe à tona os lemas, constituídos no período iluminista e empregados durante a Revolução Francesa (1789): Liberdade, Igualdade e Fraternidade.  O primeiro traz como mote a liberdade. Julie (Juliette Binoche) conduz a trama. Após o acidente de carro em que perde marido e filha, passa a conviver com a solidão. Kieslowski traça planos que permitem compreender o panorama no qual esta personagem está absorvida. Closes, detalhes que mostram a íris das personagens. Escolha que demonstra, de certo modo, a angústia de Julie ao se ver sozinha.
O diretor optou por marcar as cores pelas quais faz menção. O azul está presente em objetos de cena. Na fotografia, principalmente, no início do filme. “... a percepção das cores é menos de natureza física do que psicológica. Segundo Antonioni, ‘a cor não existe de maneira absoluta. (...) Pode-se dizer que a cor é uma relação entre o objeto e o estado psicológico do observador, no sentido de que ambos se sugestionam reciprocamente’” (MARTIN, 2003, p. 69). 
A piscina onde Julie pratica natação reflete a cor. A representação denota a condição psicológica da personagem que mergulha, de forma literal, nessa situação. Mesmo tentando se desvencilhar, percebe que suas atitudes são em vão. Isso porque, Julie, após o falecimento da filha e do marido, um importante compositor, procura se desfazer de tudo o que possa provocar lembranças. Aqui, a personagem deseja se libertar do passado. Porém, as lembranças a aflige. Logo, Kieslowski, aponta razões para esse incômodo. A obra, composição de Patrice, marido de Julie, não havia sido finalizada, uma encomenda realizada pelo parlamento europeu. Nos momentos em que Julie se vê acuada, a trilha incide, como um aviso. O diretor acrescenta junto a inserção sonora, o fade black, unido ao mesmo plano, fazendo parte assim, do pensamento da personagem. De acordo com Burch, “a oposição provocada pelo distanciamento do “tema” visual e a proximidade do “tema” sonoro produz um efeito surpreendente, assim como se uma nova personagem tivesse entrado nesse mesmo quadro em primeiríssimo plano” (1969, p. 120).
0

RETICÊNCIAS

Cena realizada na Biblioteca Pública do Paraná

Todos os dias, Joana, uma senhora solitária visita a biblioteca. A cada dia lê um livro em voz alta. As pessoas passam sem interrompê-la. Mas um dia, a sua rotina é modificada e, com isso, tenta buscar uma forma de se desvencilhar da solidão.




Curta-metragem realizado em 2013.

DIREÇÃO E ROTEIRO: Nathalia Cavalcante
MONTAGEM : Diego Silva, Nathalia Cavalcante e Vanessa Alves
FINALIZAÇÃO: Claudio Alves y Naiche Cardoso
Gladi Rosa (costas) e Adeline Pilati
SOM DIRETO: Louise Fiedler y Thiago Maceno
EDIÇÃO DE SOM: Paulo de Tarso e Vanessa Alves
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Vanessa Alves   

ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: Thiago Maceno
LOGGER: Guilherme Dias
DIREÇÃO DE ARTE: Isabelle Mesquita
MAQUIAGEM: Isabelle Mesquita e Michelle Hasselmann
MÚSICA: A.J. Oliveira
PRODUÇÃO: Carla Rocha e Suzane Skhoch
ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO: Guilherme Dias e Larissa Beffa

Gladi Rosa















Elenco
Gladi Rosa (Joana). Elenco de apoio: Adeline Pilati, Aline Machado, Ana Castro, Ana Flávia Sgoda, Carla Rocha, Cyntia Werner, Gabriel Bonato de Arruda, Gabriel Olímpio, Isabela Casagrande, Isabelle Mesquita, Isadora Foreck, Estevão Furtado, Eloísa Helena Perussolo, Guilherme Dias, Larissa Beffa, Marcelo Zulian, Nathalia Cavalcante, Mariane Batista, Michelle de Miranda, Paula Nishizima, Suzane Skroch, Rafael Campagnaro, Thiago Maceno, Vanessa de Castro, Viviane Gazotto.

Assista ao Reticências:

Reticências from Nathalia Cavalcante on Vimeo.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

0

HER


“Her”, de 2013, escrito e dirigido por Spike Jonze, apresenta uma possibilidade de relacionamento futurista. Joaquim Phoenix dá vida à Theodore, um escritor de cartas, mergulhado na antiga relação com Catherine. O enredo não datado é cercado por tecnologias ainda desconhecidas, insignificantes para os dias atuais. Embora a tecnologia seja permanente na obra, elementos de épocas passadas são colocados em cena, mesclando períodos diferentes. Isso porque, o figurino de Theodore indica a década de 1950 a 1960.
O personagem, solitário, encontra em um sistema operacional, seu novo motivo para rever a vida. Durante o cadastro para a implantação dessa ferramenta, Theodore opta por uma voz feminina. Scarlett Johansson interpreta a voz de Samantha, a nova companhia do escritor. A princípio, ainda na fase de conhecimento, ocorre uma interação entre ambos, posteriormente, percebem a atração que os envolve. Sem se dar conta das possíveis consequências, o protagonista, é invadido pela pulsão. Sua individualidade ressalta perante o que a sociedade pode julgar. Theodore inicia o relacionamento com o sistema operacional intitulado Samantha.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

1 comentários

Curitiba e a História

Casa Romário Martins
Nathalia Cavalcante


Entre os prédios tombados, de Curitiba, é importante destacar a Casa Romário Martins, construção do século XVIII - o último exemplo da arquitetura colonial portuguesa da cidade -, desde 1973 é um centro cultural, tombado em 1971. Outro prédio relevante na história curitibana foi o Gymnasio Paranaense, edificação típica de prédios públicos da época. A construção de 1904, é desde 1965, sede da Secretaria do Estado da Educação e Cultura, tombado em 1977. O prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizado na Praça Santos Andrade, começou a ser construído em 1913, um ano depois da fundação da Universidade, onde estão instalados os cursos de Direito e Psicologia, a conclusão das obras, no atual estilo neoclássico aconteceu, em 1955, e também, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. 
Interior Prédio Histórico UFPR



Exterior Secretaria do Estado da Educação e Cultura



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

0

1984


O vídeo "1984" foi realizado como meio de representar alguns trechos da história que marcaram minha infância e, por fim, minha paixão pelo cinema. Aqui, apresento fatos do contexto político brasileiro e, até mesmo mundial, como a queda do muro de Berlim. Lembranças de fatos importantes que me ajudam, constantemente, a pensar sobre tudo o que acontece ao meu redor. Nasci em 1984, em um Brasil em busca da abertura política lenta e gradual. Lembro de ver na televisão as bombas da Guerra do Golfo (1990 - 1991), um pouco antes disso, acontecia a Copa do Mundo. Não gostava de assistir. No auge dos meus seis anos, não queria saber de futebol, gostava mesmo dos desenhos desse período. E, claro, meus filmes preferidos do tempo de criança: "Os Goonies", "As aventuras do Barão de Munchausen", "Edward - Mãos de Tesoura" e por aí vai. Nessa época não imaginava que seria grande admiradora do diretor Tim Burton, pois ainda não me ligava em nomes de diretores, atores. Meu interesse era embarcar no enredo e me deixar levar pelo o que estava vendo na tela. Confesso que sou difícil de chorar ao ver uma cena, mas é impossível não derramar uma lágrima ao contemplar "Cinema Paradiso". Concordo plenamente com Amélie quando cita suas reações ao ir em uma sala de cinema e em algumas situações da vida que, infelizmente, complicamos tanto. Por que não viver sem pressa e rir de si mesmo?
1984 from Nathalia Cavalcante on Vimeo.