“Her”, de 2013, escrito e dirigido por
Spike Jonze, apresenta uma possibilidade de
relacionamento futurista. Joaquim Phoenix dá vida à Theodore, um escritor de
cartas, mergulhado na antiga relação com Catherine. O
enredo não datado é cercado por tecnologias ainda desconhecidas,
insignificantes para os dias atuais. Embora a tecnologia seja permanente na obra, elementos de épocas passadas são colocados em cena, mesclando
períodos diferentes. Isso porque, o figurino de Theodore indica a década de 1950
a 1960.
O personagem, solitário,
encontra em um sistema operacional, seu novo motivo
para rever a vida. Durante o cadastro para a implantação dessa ferramenta, Theodore
opta por uma voz feminina. Scarlett Johansson interpreta
a voz de Samantha, a nova companhia do escritor. A princípio, ainda na fase de conhecimento, ocorre uma
interação entre ambos, posteriormente, percebem a atração
que os envolve. Sem se dar conta das possíveis consequências, o protagonista, é
invadido pela pulsão. Sua individualidade ressalta perante o que a sociedade
pode julgar. Theodore inicia o relacionamento com o sistema operacional
intitulado Samantha.
Jonze abre o questionamento da veracidade e
reciprocidade de sentimentos entre um homem comum e uma tecnologia. Isso já
pode ser discutido quanto às cartas escritas por Theodore, que expõem sentimentos artificiais, enquanto provoca emoções reais nos leitores. O
escritor é conduzido pela consciência, pois estereótipos e valores morais
permeiam a sociedade e o que esta quer ler.
Enquanto isso, em seu espaço reservado, Theodore,
manifesta sua idiossincrassia. Samantha revela possibilidades de interação, já
que desenvolve sua programação de acordo com o cotidiano, longe de ser um mero
robô falante. Existe o envolvimento mútuo, em que ambos descobrem o novo, pois
esse sistema operacional havia sido inserido na cultura em questão e,
consequentemente, decifrado.
Samantha não possui traços físicos, mas sim,
comportamentais, por expressar reações diante dos diálogos com Theodore. Contudo, a Voz, planeja o encontro entre o
escritor e uma jovem, que reage de acordo com a voz do sistema. Samantha cria
seu próprio ícone. Assim, despertando indícios de como poderia ser sua
aparência física. Uma jovem que poderia ter semelhança com a dona da voz.
Dessa forma, ao
resgatar a mistura existente no filme em relação à arte, o figurino de Theodore
não é futurista, mas sim, comum a épocas passadas, como símbolo do sentimento
que não se modifica, embora os seres humanos estejam inseridos em um meio em
constante mudança. Mesmo assim, o sentimento se coloca de forma imutável, ainda
sendo entre um homem e um sistema operacional.
Com esse enredo, Spike Jonze, abre a
discussão sobre as relações humanas; cultura e o que as pessoas deparam
constantemente; futuro e presente. Sistemas operacionais em que as pessoas se veem condicionadas e até
mesmo dependentes, com o exemplo em que Theodore acredita, por instantes, que
havia perdido a conexão com Samantha. No entanto, as pessoas também podem
adaptar-se a novas possibilidades, como o protagonista, quando descobre que não
era o único a comunicar-se com a Voz e, assim, tenta pedir desculpas a sua
ex-esposa, Catherine,
por meio de uma carta. Os questionamentos inerentes ao sentimento, fator explorado durante o filme, é algo invisível, porém
ligado à consciência humana, evidente diante das ações de Theodore.
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