sábado, 30 de abril de 2022

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Na poltrona!

Cores de Almodóvar
Texto: Nathalia Cavalcante
Fotos: Adoro Cinema
Em 121 minutos, mais uma vez é possível prestigiar as cores de Pedro Almodóvar em Volver, de 2006, seu terceiro filme com Penélope Cruz. A atriz espanhola interpreta Raimunda, mãe de uma adolescente de 14 anos, que trabalha, incansavelmente, para manter a casa. Como se isso não bastasse, seu marido tenta abusar sexualmente de sua filha, que acaba o matando em legítima defesa. Depois da morte do marido, Raimunda une-se mais à filha. Sole, irmã de Raimunda abriga Irene, a mãe delas, que havia "morrido". A volta de Irene faz surgir revelações do passado. A partir daí desvendam-se segredos de família. Mesmo com essas tragédias, o diretor apresenta a trama com humor. Volver tem um enredo vivo, com personagens intensas. O longa-metragem recebeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz pela atuação de Penélope Cruz.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

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Festival de Cinema

O Brasil ganhou o Prêmio de Público, na Seção Panorama Documentário, no Festival de Berlim, no último domingo (20). O documentário "A Última Floresta", foi escrito e dirigido por Luiz Bolognesi, em parceria com Davi Kopenawa Yanomami e demais colaboradores.  O  filme é um relato da comunidade indígena que demonstra sua importante proteção ao Meio Ambiente.








domingo, 9 de outubro de 2016

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Vestido de Noiva

               O texto dramático de Nelson Rodrigues intitulado “Vestido de Noiva” é dividido em três atos. As personagens estão inseridas em três planos diferentes: realidade, alucinação e memória. O fio condutor é Alaíde, que de forma fantasiosa, traça o enredo e seu devido desenrolar. As personagens se ligam por uma tragédia: a morte. Fato relatado com veemência ao longo da trama por todas as personagens.
            O autor faz uso do mistério, criando diversas reviravoltas, fazendo com que o leitor/espectador entre na história, instigando seu respectivo interesse. A tragédia cotidiana, evidente na obra de Nelson Rodrigues, revela as fraquezas do ser humano. A família é o alvo dessa discussão, quando aos poucos uma moça com véu se revela na memória da falecida Alaíde. O vestido de noiva cobiçado por Lúcia, irmã, é a grande ferida aberta, causadora de discórdias, culminado em uma morte desejada.
            Alaíde está imersa em uma espécie de purgatório, local onde lembranças se confundem com alucinações, sendo evidentemente entendidas no plano da realidade, até vir à tona a identidade de quem havia morrido. O primeiro sinal dessa alucinação se torna claro, quando Alaíde, no início do primeiro ato, procura por Madame Clessi.
As personagens que dividem a cena com Alaíde são três dançarinas e dois homens que lembram o rosto de seu marido, Pedro. Essas pessoas afirmam a morte da mulher, porém Alaíde não se conforma. Após esse momento, Clessi surge. Afinal, como é possível uma mulher dada como morta aparecer aos olhos da personagem? Assim, com a ajuda de Madame Clessi, Alaíde arranca aos poucos da memória o que havia ocorrido. Desde o suposto assassinado de seu marido, realizado por ela, à sua própria morte.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

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Theodoro de Bona

Nathalia Cavalcante 
Colaboração: Cinevídeo 1
Theodoro de Bona em Morretes

No dia 11 de junho de 1904, nascia em Morretes, Paraná, o pintor e professor Theodoro de Bona. Ainda criança muda-se para Curitiba, e passa a estudar no Colégio Bom Jesus, onde começa a ter contato com as artes. Faz curso de desenho, mais tarde torna-se aluno de Alfredo Andersen. Em 1927, viaja para Veneza, na Itália, onde permanece durante dez anos. Através de uma bolsa de estudos faz cursos nos quais pôde aperfeiçoar técnicas de pintura. Na Europa descobriu a arte do pintor francês Paul Cézanne e, com isso, levou a cor para suas obras. De Bona apresenta raízes impressionistas, em que captam a impressão visual produzida por cenas e formas derivadas da natureza e variações nela ocasionadas pela incidência de luz, cores e contrastes para obter, plasticamente dinamismo e objetivos. A obra do
Terra Prometida/Imigrantes
artista é composta por paisagens, retratos e telas com sua família.
Fundação de Curitiba
O pintor possui várias telas expostas em diferentes lugares. Duas delas, Imigrantes e A fundação de Curitiba, estão no Salão Nobre do Colégio Estadual do Paraná. O especialista em artes, Fernando Bini define Theodoro de Bona como o mestre de todos nós, que recria paisagens. O artista recebeu o título de Cidadão Honorário de Curitiba, outorgado pela Câmara Municipal, em 1981, e a Comenda Honorífica da Ordem do Mérito da República Italiana, no grau de Cavalieri Officiale, em 1983. Theodoro de Bona falece em Curitiba em 1990.

domingo, 11 de setembro de 2016

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A SANGUE FRIO – TRUMAN CAPOTE

      Nathalia Cavalcante  

       

 A reportagem de Truman Capote foi publicada primeiramente, em quatro partes na revista The New Yorker. Posteriormente, transformada em romance, em 1965. Capote faz uma compilação de informações a respeito do assassinato de quatro membros da família Clutter: Herbert William Clutter, fazendeiro de 48 anos, respeitado na comunidade; sua esposa Bonnie Fox Clutter, 45 anos, que sofria de problemas nervosos; e seus filhos adolescentes, Kenyon Clutter, 15 anos e Nancy Clutter, 16 anos. Moradores de uma pequena cidade chamada Holcomb, no Kansas, Estados Unidos, uma família metodista, sem problemas com vizinhos. Essa era uma questão que mais chamava a atenção entre os moradores e os investigadores, o porquê dos assassinatos, se a família não apresentava pendências na cidade.
Truman Capote
        Capote situa o leitor para que se possa entender como era o cotidiano da família Clutter e em paralelo as ações de Dick e Perry os assassinos. O enredo é rico em detalhes. A descrição mais impressionante, é em relação a forma como foram encontrados na manhã de 15 de novembro de 1959. Toda a cidade se manteve em alerta e desconfiada. Todos os moradores viraram alvo de suspeita. Bobby Rupp, namorado de Nancy, também foi lembrado por ter sido o último a ver a família. Apesar da suspeita, ele acreditava que esse era o papel da polícia.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

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CAMPOCONTRACAMPO

Documentário, 2016.
Trailer

Direção de Nathalia Cavalcante





 Uma paixão chamada Cinema. A arte que inspira muitas pessoas faz parte da vida de Estevão Furtado, um administrador que nunca deixou de lado sua admiração pela sétima arte. Assim, Estevão, traz à tona memórias que se confundem com um enredo cinematográfico.

Produção, Roteiro e Direção
Nathalia Cavalcante

Assistência de Direção

Herminia Motta

Direção de Fotografia e Montagem

Nathalia Cavalcante

Câmera
Estevão Furtado
Nathalia Cavalcante

Som Direto

Herminia Motta

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

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A Via Láctea

Por Nathalia Cavalcante

        Heitor e Júlia formam o casal fio condutor da trama realizada por Lina Chamie. Repleto de labirintos que fazem o espectador adentrar na história que apresenta um relacionamento em conflito, envolvendo metáforas em conjunto com a cidade que, consecutivamente, se torna mais uma personagem. Uma característica marcante de uma narrativa não-clássica, empregada nessa obra, ao som de música clássica intensa, de acordo com a aflição de Heitor, é a exposição imediata desse personagem, em meio a uma desordem interna. A situação é revelada de modo a não identificar, em primeira instância, a razão que o fez se encontrar em tal estado.
Alice Braga (Júlia), Marco Ricca (Heitor) e Lina Chamie
         “A Via Láctea” (2007) não oferece o tempo ao espectador para absorver as informações. Heitor e a cidade são exibidos na tela. O personagem está estarrecido e, a princípio, somente ele tem o conhecimento de quê o levou àquela atitude. Lina Chamie proporciona de modo moderado os dados necessários para construir o questionamento proposto por sua obra. A não-linearidade auxilia nesse quesito, pois torna o enredo em um emaranhado de elementos a serem compreendidos, ou pelo menos, criadas possibilidades adversas em torno do tratado. Mesmo apresentando subsídios que, no primeiro contato não oferecem respostas concretas, “A Via Láctea” possui um plot rico em detalhes, que permitem desenvolver um ritmo acerca das situações pautadas na história. Desse modo, Metz, reforça que,

Um grande e permanente equívoco paira sobre a definição do cinema ‘moderno’. Subentende-se e às vezes afirma-se que o ‘jovem cinema’ o ‘cinema novo’, teria ultrapassado o estágio da narração, que o filme moderno seria objeto absoluto, obra que pode ser percorrida em qualquer direção, que teria expulso de certa forma a narratividade, constitutiva do filme clássico (1972, p. 173).
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Bresson

Por Nathalia Cavalcante 

Robert Bresson
     Robert Bresson apresenta em sua obra a essência captada pelo cinematógrafo, assim designado pelo diretor, de onde pertenciam seus filmes. “Filmes de cinematógrafo: emocionais, não interpretativos” (BRESSON, 2005, p. 79). Para provocar a coerência na forma de transmitir uma história, Bresson unia a simplicidade, sem efeitos, ou despida de elementos que pudessem desviar o foco e tornarem-se maiores em relação a seus modelos. “Quantidade, enormidade, falsidade dos meios cedendo o lugar à simplicidade e precisão. Tudo conduzindo à medida do que basta a você” (2005, p. 79).
            Atores eram considerados viciados em trejeitos teatrais e carregavam impurezas ao personagem. Por isso, os modelos, até a experiência bressoniana, não haviam se relacionado com o meio cinematográfico. Para Bresson, eles sim, transportavam a alma do personagem, naturalmente. Afastados de preceitos que pudessem caracterizá-los como robôs, comandados por ordens de diretores. “Modelo. Sua voz (não trabalhada) nos dá sua personalidade, sua filosofia, bem mais que seu aspecto físico” (2005, p. 62). As ações não eram mecânicas, mas sim, naturalizadas, conforme a necessidade requisitada pela história e, consecutivamente, os personagens. Bresson buscava esse objetivo, incessantemente. “Os gestos que ensaiavam vinte vezes mecanicamente, seus modelos vão domá-los, soltos na ação do seu filme” (2005, p. 58)