
A camisa manchada
de sangue em um varal traça a vida de Tonho, personagem de Rodrigo Santoro.
Esse elemento delineia seu futuro, já que a partir do momento em que a mancha amarelar,
o ciclo gira novamente, e Tonho deve cumprir seu destino: Vingar a morte do
irmão mais velho. No entanto, a consequência desse ato, faria dele alvo da
família Ferreira, e quando a camisa do assassino de seu irmão completasse o
ciclo, Tonho deveria pagar com a vida, por sua ação.
Para amenizar e
contrastar com o árido das cenas, Pacu, irmão mais novo de Tonho, emaranha-se
na fantasia de um menino que lê as figuras de um livro, por não conhecer as
letras, e com os desenhos, inventa sua própria história. Um escape da
autoridade do pai que cobra, incessantemente, a vingança que Tonho deve honrar.
Clara, uma artista
de um pequeno espetáculo ambulante, entra na história para mostrar o amor a
Tonho. O envolvimento de ambos, revela que a prisão em que ele se encontra,
pode ser esquecida, pelo menos, por instantes. Tonho divide-se entre a ordem do
pai e a vida. A continuidade de uma tradição e de uma briga que, na realidade,
não foi provocada por ele, o atordoa, e persegue seus pensamentos.

A juventude de quem
ainda não viveu o suficiente está em jogo, pelo cumprimento de uma tradição. A
liberdade chega a ele, pela inocência de Pacu, que livra o irmão do destino
trágico. Mesmo assim, a tragédia sertaneja não escapa aos olhos de Tonho. A vida,
como em uma ampulheta, se acaba em grãos de areia, como a terra do sertão. A poesia
revelada em 24 quadros de um sertão que fere, não somente, pela seca, mas
também, por aprisionar vidas em um conflito sem fim. Caminhos que se despedaçam
e a vida querendo sobressair às angústias são verdades de uma história triste e
sonhadora.
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