quarta-feira, 2 de julho de 2014

HER


“Her”, de 2013, escrito e dirigido por Spike Jonze, apresenta uma possibilidade de relacionamento futurista. Joaquim Phoenix dá vida à Theodore, um escritor de cartas, mergulhado na antiga relação com Catherine. O enredo não datado é cercado por tecnologias ainda desconhecidas, insignificantes para os dias atuais. Embora a tecnologia seja permanente na obra, elementos de épocas passadas são colocados em cena, mesclando períodos diferentes. Isso porque, o figurino de Theodore indica a década de 1950 a 1960.
O personagem, solitário, encontra em um sistema operacional, seu novo motivo para rever a vida. Durante o cadastro para a implantação dessa ferramenta, Theodore opta por uma voz feminina. Scarlett Johansson interpreta a voz de Samantha, a nova companhia do escritor. A princípio, ainda na fase de conhecimento, ocorre uma interação entre ambos, posteriormente, percebem a atração que os envolve. Sem se dar conta das possíveis consequências, o protagonista, é invadido pela pulsão. Sua individualidade ressalta perante o que a sociedade pode julgar. Theodore inicia o relacionamento com o sistema operacional intitulado Samantha.
Jonze abre o questionamento da veracidade e reciprocidade de sentimentos entre um homem comum e uma tecnologia. Isso já pode ser discutido quanto às cartas escritas por Theodore, que expõem sentimentos artificiais, enquanto provoca emoções reais nos leitores. O escritor é conduzido pela consciência, pois estereótipos e valores morais permeiam a sociedade e o que esta quer ler.
Enquanto isso, em seu espaço reservado, Theodore, manifesta sua idiossincrassia. Samantha revela possibilidades de interação, já que desenvolve sua programação de acordo com o cotidiano, longe de ser um mero robô falante. Existe o envolvimento mútuo, em que ambos descobrem o novo, pois esse sistema operacional havia sido inserido na cultura em questão e, consequentemente, decifrado.
Samantha não possui traços físicos, mas sim, comportamentais, por expressar reações diante dos diálogos com Theodore.  Contudo, a Voz, planeja o encontro entre o escritor e uma jovem, que reage de acordo com a voz do sistema. Samantha cria seu próprio ícone. Assim, despertando indícios de como poderia ser sua aparência física. Uma jovem que poderia ter semelhança com a dona da voz.
Dessa forma, ao resgatar a mistura existente no filme em relação à arte, o figurino de Theodore não é futurista, mas sim, comum a épocas passadas, como símbolo do sentimento que não se modifica, embora os seres humanos estejam inseridos em um meio em constante mudança. Mesmo assim, o sentimento se coloca de forma imutável, ainda sendo entre um homem e um sistema operacional.
Com esse enredo, Spike Jonze, abre a discussão sobre as relações humanas; cultura e o que as pessoas deparam constantemente; futuro e presente. Sistemas operacionais em que as pessoas se veem condicionadas e até mesmo dependentes, com o exemplo em que Theodore acredita, por instantes, que havia perdido a conexão com Samantha. No entanto, as pessoas também podem adaptar-se a novas possibilidades, como o protagonista, quando descobre que não era o único a comunicar-se com a Voz e, assim, tenta pedir desculpas a sua ex-esposa, Catherine, por meio de uma carta. Os questionamentos inerentes ao sentimento, fator explorado durante o filme, é algo invisível, porém ligado à consciência humana, evidente diante das ações de Theodore.

0 comentários:

Postar um comentário