segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Valorizando a Arte!

Cinema, uma paixão

Nathalia Cavalcante
Foto: Arquivo pessoal

A infância de Salvatore di Vita, o Totó de Cinema Paradiso, filme de 1988, do diretor Giuseppe Tornatore, é muito parecida com a infância de Estevão Furtado, atual analista numa multinacional automotiva. Ele, um fã do cinema, assitia aos filmes da sala de projeção do Cine Emacite, em Mafra, onde um parente seu trabalhava. Mesmo assim, não deixava de frequentar na cidade vizinha, em Rio Negro, os Cines Rio Negro e Cine Marajá, onde também costumava ir com os amigos.
“Lawrence da Arábia”, de David Lean, é o filme o qual realmente guarda com mais detalhes. As atuações de Antonhy Quinn, Omar Sharif e Peter O’Toole ficaram marcadas em sua memória, pois eram muito comentados por sua mãe, que também era apaixonada por cinema e música, além de ser uma grande incentivadora. Esta foi uma das razões que o fez um admirador da sétima arte. “Ela comentava a respeito dos atores e das músicas que eram temas dos filmes”, reforça Estevão. “Candelabro Italiano”, de 1962, é um dos filmes que sua mãe lembrava pela música. A produção de Delmer Daves traz a canção Al di là (Além), interpretada pelo próprio compositor Emilio Pericoli. “Casablanca”, “...E o Vento Levou” e “Juventude Transviada”, também estavam na lista.
Para Estevão, durante a sua infância o cinema significava um mundo de magia. Na juventude procurava saber mais a respeito dos filmes. “No início da adolescência eu já acompanhava a ficha técnica do filme, diretor, produtor, fotografia, trilha sonora e reconhecia alguns efeitos especiais”, acrescenta.
A paixão pelo cinema não ficou estacionada na adolescência. Ao ingressar no curso de economia, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1978, passou a frequentar o cineclube, que na época pertencia ao diretório acadêmico que existia no prédio paralelo ao do seu curso. Lá funcionava um cineclube onde eram realizados apresentação e debates sobre os filmes. Num dos encontros surgiu a ideia de todos os diretórios acadêmicos da UFPR trabalharem em conjunto. O seu diretório tinha espaço, porém não havia equipamentos, por isso os primeiros foram emprestados. Isso aconteceu até 1979, quando foi adquirido um projetor 16mm. Liberdade de expressão, eleições diretas e melhor distribuição de renda, eram os sonhos dos jovens daquela fase. Logo isto se refletia no objetivo do cineclube, pois eram exibidos documentários com a finalidade de entreter, mas seu principal intuito era despertar a discussão, mostrar a realidade, promovendo debates e, além disso, estimular a cultura. Estevão trabalhou no cineclube até 1981, mal sabia que pouco tempo depois o local abrigaria um espaço somente para entretenimento. “A diretoria da época continuou por mais dois anos. Depois de algum tempo, infelizmente, virou sala de televisão”, lamenta.
Um dos momentos que mais o enche de orgulho foi por ter feito parte da geração “superoitista”, apesar das dificuldades. O super 8 era um equipamento muito caro e possuía poucos recursos, os cortes eram realizados na própria câmara e poucos usuários tinham moviola (máquina para fazer edições) para super 8. O resultado da filmagem só se via após a revelação da película, que na época era realizada em São Paulo. “As produções eram resultado de muita vontade e poucos recursos”, lembra.
Além do cinema, Estevão não dispensa uma câmera fotográfica, seja nos cursos que faz, nas viagens em família ou nos projetos que participa, procura clicar estes momentos para deixá-los guardados. A sua vocação como fotógrafo prevalecia nas produções realizadas em Super 8, já que geralmente, era o cinegrafista e fotógrafo. As fases no Cine Emacite e no cineclube passaram, mas não levaram com elas o amor que Estevão tem pelo cinema. Por isso, em 2009, voltou ao meio cinematográfico, quando participou do curso “Cinema nas Férias”, promovido pelo Centro de Línguas e Interculturalidades (Celin), da UFPR. Com esposa, filha e uma cachorrinha, mantém a sua rotina. Vai a cinemas, teatros e museus, mantém o hábito da leitura e gosta de caminhadas. Aos 51 anos continua seus estudos fazendo Pós-Graduação e nos três últimos anos trabalha como voluntário no projeto de uma organização. Não esquecendo, é claro, da fotografia. “Máquina na mão quase sempre, o gosto de fotografar ainda não morreu”, acrescenta.

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