domingo, 12 de dezembro de 2010

Cinema Comentado


A era dos estúdios

Texto: Nathalia Cavalcante

O período considerado “Bela época” do cinema brasileiro foi marcado pela dificuldade de implantar estúdios no país, ao passo que a vontade de realizar este feito competia com a precariedade do momento. Isto se deve também aos filmes estadunidenses, pelo fato destes deterem o espaço cinematográfico. Com isso os filmes brasileiros passaram por dificuldades de exibição.
Para que houvesse o crescimento do cinema no Brasil, foi preciso arriscar em produções, consequentemente, desenvolver esta indústria. Assim surgem: Cinédia, Atlântida Cinematográfica e Vera Cruz, respectivamente. Os principais estúdios do período. A Cinédia surgiu no início da década de 30, no Rio de Janeiro, idealizada por Adhemar Gonzaga, cineasta e jornalista, que se dedicou na produção de Chanchadas. Humberto Mauro foi um dos pioneiros do cinema brasileiro, assinou “Pureza”, o primeiro filme da companhia, com grande orçamento e equipamentos importados dos Estados Unidos. Mesmo com tanto investimento, foi um fracasso. A Cinédia produziu 13 longas-metragens de 1925 a 1952 e 11 curtas-metragens de 1945 a 1974.
A Atlântida Cinematográfica foi fundada em 1941, no Rio de Janeiro, por Moacir Fenelon e José Carlos Burle. Entre 1943 a 1947 consolida-se com a maior produtora brasileira, com um total de 66 filmes até 1962, quando foram cessadas suas atividades. A Vera Cruz foi o mais importante estúdio cinematográfico brasileiro da década de 50. Fundada em São Bernardo do Campo, pelo produtor italiano Franco Zampari e Francisco Matarazzo Sobrinho. A partir de 1940 começa a produzir as primeiras chanchadas, com Oscarito e Grande Otelo. Durante quatro anos este estúdio realizou 22 filmes, com os investimentos realizados, foi considerado o primeiro estúdio em moldes profissionais do país. Logo, Alberto Cavalcanti, cineasta brasileiro naturalizado francês, volta ao Brasil para trabalhar na Vera Cruz, onde Mazzaropi atuou em “Sai da frente”, em 1952, seu primeiro filme. Apesar disso, a Vera Cruz não conseguiu resolver o problema da distribuição de seus filmes e foi à falência.
Mesmo com a vontade de vencer as dificuldades que surgiam, outras produtoras que não detinham o mesmo capital que a Vera Cruz, não sobreviveram à falta de incentivo. A Cinematográfica Maristela surgiu em 1950, criada pelo produtor Mario Audrá, tinha como referência o cinema europeu. A Brasil Vita Filme chamada primeiro de Brasil Vox Filme, surgiu em 1934, sob responsabilidade de Carmem Santos, que atuou como produtora, roteirista, diretora e atriz. Devido ao fracasso do filme “Inconfidência Mineira”, Carmem Santos foi à falência, sendo forçada a vender seus estúdios. A Multifilmes surgiu em 1952, com inovações que as outras companhias não dispunham. Os estúdios construídos por Mario Civelli funcionaram por quatro anos. Durante este período a Cinearte, revista cinematográfica e o Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince), que por décadas realizou documentário com foco educativo, fizeram parte do início da história do cinema brasileiro.


Referências bibliográficas:

MONTEIRO, José Carlos. História Visual do Cinema Brasileiro. Rio de Janeiro:
Mistério da Cultura – Funarte, 1996.
RAMOS, Ferrão (Organizador). História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Art,
1987.
www.atlantidacinematografica.com.br
www.mnemocine.art.br
www.itaucultural.com.br

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